Plugverso 23 (4ª temporada) - O segredo da Taylor

Crítica: Besouro Azul vale a pena?

Representatividade Latina, efeitos práticos e elenco tornam o filme único e divertido.

Fonte: Divulgação

Por Daniel Lana

O Besouro Azul surgiu nos quadrinhos em 1939, pelas mãos de Charles Nicholas Wojtkowski para a Fox Comics. Ele seguia a fórmula de outros heróis da época, misturando o fantástico a histórias policiais, tal qual o Fantasma. De lá para cá, mesmo não alcançando a fama de heróis como o Batman ou o Super Homem, ele continuou tendo publicações, sendo adquirido posteriormente pela Charlton Comics e, por fim, pela DC Comics. Essa última também foi onde surgiu a versão mais popular do Besouro, em sua terceira encarnação: Jaime Reyes. 

A criação de Reyes é curiosa. Trata-se de um garoto mexicano que encontra um misterioso escaravelho com poderes. Apesar de diferir bastante das versões anteriores, esse Besouro Azul encontra semelhanças em uma editora concorrente - é inegável que ele bebeu um pouco da fonte do Homem-Aranha, o que ajudou a  atrair novos leitores e finalmente levar o herói ao sucesso. De 2006, ano de sua criação, para cá, Jaime fez parte de grupos importantes como os Titãs e, eventualmente, a Liga da Justiça. Sua popularidade acabou resultando até mesmo em participações especiais em desenhos e séries como em “Batman - Bravos e Destemidos”, “Smallville” e “Justiça Jovem”. Contudo, o herói nunca saiu da categoria de Herói Classe B da DC. Pelo menos até chegar ao cinema.

No elenco estão Xolo Maridueña (Cobra Kai) como o protagonista Jaime Reyes, Bruna Marquezine como Jenny (Vou Nadar Até Você) e Susan Sarandon como Victoria Kord (Casamento em Família). O roteiro é de Gareth Dunner-Alcocer (Miss Bala).

Um roteiro clichê e vilões sem desenvolvimento


Foto: divulgação

Besouro Azul conta a história de Jaime Reyes, um jovem recém-formado que retorna para casa e se depara com uma realidade dura, onde sua família está prestes a perder tudo em nome do desenvolvimento das Indústrias Kord, personificadas por Victoria Kord a irmã do Besouro Azul original dos quadrinhos. Aqui, enquanto Jaime busca uma forma de ajudar sua família, Jenny Kord (Marquezine) descobre os planos gananciosos de sua tia e rouba o escaravelho do local, o entregando para Jaime.

O roteiro é clichê e sem novidades, mas funciona. Apesar disso, há semelhanças e conveniências com obras anteriores que podem incomodar. O plot de um rapaz jovem, entusiasmado e pobre que ganha poderes através de uma armadura altamente tecnológica pode muito bem ser confundido com a versão MCU do Homem-Aranha. E as semelhanças não param por aí, visto que o escaravelho que escolhe Jaime como seu hospedeiro e lhe dá poderes é senciente e cria uma ligação simbiótica que a faz abandonar o instinto assassino, muito similar ao que foi visto em Venom. É uma mistura de diversos elementos que deram certo nos personagens da Marvel.

Algo que não funciona é o núcleo de antagonistas. Com tanto talento e maestria, a participação de Susan Sarandon no filme poderia muito bem ser substituída por qualquer outra atriz desconhecida. É inegável que a atriz, ganhadora do Oscar e de prêmios como BAFTA e Screen Actors Guild, está atuando no automático, entregando uma vilã genérica, sem carisma ou desenvolvimento algum. Algo que o filme até tenta dar ao outro vilão, Carapax (Raoul Trujillo), mas isso demora tanto a acontecer que acaba se mostrando ineficaz, fazendo dele uma espécie de “Bane” em Batman e Robin. Mas nem tudo é ruim no filme.

A cultura latina é a verdadeira heroína do filme


Fonte: Reprodução/Instagram@xolo_mariduena

O diferencial de Besouro Azul fica a cargo da representatividade Latina - algo nunca explorado antes no gênero de super-heróis. A família Reyes é a síntese da nossa cultura. Fica claro que o diretor Ángel Manuel Soto apostou todas as suas fichas na família de Jaime, deixando o próprio protagonista de lado em muitos momentos. A sinergia do núcleo familiar funciona tão bem que quando Jaime se reune com todos, a dinâmica chega a lembrar um pouco “A Grande Família”.  Todos os membros são importantes e incluídos na trama principal, algo muito incomum de se acontecer nos filmes de heróis. O relacionamento de Jaime com sua irmã Milagro (Melissa Escobedo) e o tio Rudy (George Lopez) são os grandes destaques, chegando a roubar a cena muitas vezes. 

Um outro fator presente no filme que irá agradar os brasileiros são as referências a novelas e séries como Maria do Bairro e Chapolin Colorado, duas produções que se popularizaram no Brasil graças ao SBT. Contudo, a maior conexão que o público brasileiro terá com o filme se chama Bruna Marquezine. A atriz está muito à vontade no papel de Jenny Kord e sua personagem está presente durante toda a trama, possuindo grande importância no desenrolar da história. O inglês da atriz se mostra impecável e chega a nos emocionar quando solta uma frase em português.

A química entre a atriz e Xolo é visível, dentro e fora do filme, fazendo alguns acreditarem que há mais do que amizade entre os dois. A atriz também mostrou a que veio em suas cenas com Susan Sarandon, não titubeando diante de uma atriz veterana e consagrada.


Considerações finais


Besouro Azul é um filme que agrada por entregar o que promete: um filme divertido que fala sobre família, apesar de trazer nada inovador para o gênero de super-heróis. Mesmo que não seja oficialmente o primeiro de seu universo, Besouro Azul pode ser o que James Gun precisa para dar o primeiro passo rumo ao novo DCU. 

O filme possui duas cenas pós-créditos: uma que acena para o Besouro Azul original, Ted Kord, e pode ser aproveitada na série do Gladiador Dourado – um dos melhores amigos de Ted nos quadrinhos – já anunciada por Gun, e a segunda, novamente acenando ao público latino, com o “vermelhinho” em 3d. 

Besouro Azul estreou nos cinemas no dia 17 de agosto, e ainda está em cartaz em território nacional.

Nota: 4 plugs de 5.

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